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Neuroworking: Enfrentando os desafios socioemocionais pós-pandêmicos com uma aprendizagem emocionalmente conectada

Ouve-se muito, em tempos de pós-pandemia, uma certa exaltação e euforia diante de todo avanço tecnológico que tivemos até aqui. De modo geral, pais, professores e alunos aprenderam a submeter-se ao mundo online para que fosse possível desenvolver novas alternativas de comunicação durante os tempos cruéis de isolamento social. No entanto, o que para muitos foi um tremendo benefício, para tantos outros foi algo extremamente difícil.

Mesmo com todo o investimento feito em tecnologia por parte das escolas, e por parte das próprias famílias, não se garantiu que os alunos tivessem avanços proporcionais em seu desenvolvimento cognitivo e acadêmico. Fica então a pergunta: por que mesmo com toda a conectividade tecnológica disponível não se pôde observar um desenvolvimento cognitivo conforme o esperado para cada faixa etária e por que esta dificuldade vem acompanhada com um alto índice de desmotivação? Não se pode negar que foi incrível o poder de resiliência dos estudantes e das escolas nestes últimos dois anos, mesmo assim, pouco mais de 50% realmente aderiu ao ensino online com o aproveitamento similar ao do ensino presencial, o que deixa em torno de 50% dos alunos à deriva diante de uma defasagem difícil de se compensar.

Recebi em meu consultório um jovem, de nome fictício “João”, que viveu uma extrema dificuldade para conseguir experienciar, de forma proveitosa, sua entrada no ensino médio, ainda antes da pandemia. Mesmo sem nunca ter tido dificuldades, não conseguia aprender, pois tal processo dependia de todo o seu arcabouço socioemocional e disciplinar. Suas bases emocionais se firmavam no medo, na ansiedade e na timidez. Tais facetas de seu histórico, até o momento, ainda não tinham interferido nas boas notas que tinha até então. Esta dificuldade colaborou para o seu isolamento social e o tornou cada vez mais desconectado da relação motivacional com os estudos. Com o advento pandêmico, todo este quadro se agravou e o retorno ao ensino presencial se tornou uma penitência e não uma alegria.

O que dizer então de crianças do ensino fundamental que estão tendo, pela primeira vez neste ano, o contato com o ensino presencial. Ou crianças, que tem angustiado seu ambiente familiar por navegarem pelo ensino fundamental com graves dificuldades na leitura e escrita e com alto grau de desmotivação para os estudos.

Talvez você já tenha observado algum aluno ou até mesmo alguém conhecido dentro de sua convivência social, vivendo neste momento de retorno às aulas, uma crise profunda em sua motivação para estudar Pesquisas da UNICEF demonstram que antes da pandemia mais de 6,4 milhões de estudantes de escolas públicas brasileiras tinham mais de dois anos de defasagem escolar (www.unicef.org). Mais recentemente, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que mais de 60% dos estudantes entrevistados afirmaram sofrer de falta de concentração e motivação e que mais de 45% afirmaram estar com algum tipo de dificuldade de aprendizagem.

Desde julho de 2020, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, entre as crianças e adolescentes, 51% sentiam-se desmotivados e tinham dificuldade em manter uma rotina de estudos. Tudo isto pode estar acontecendo não somente por uma questão de dificuldade do estudante em adquirir conhecimento e sim por ele não conseguir evoluir em seus comportamentos socioemocionais e motivacionais no processo de aprendizagem.

Seria uma ingenuidade pensar que apenas com o início das aulas presenciais contemplaríamos a total supressão de tamanha sobrecarga emocional, que vem se acumulando no decorrer tempo. Esta evolução comportamental vai para além de qualquer evento isolado necessitando de um detalhado acompanhamento interdisciplinar. Para ajudar pais e equipes pedagógicas, o método neuroworking, vem propor duas atitudes essenciais para o enfrentamento dos desafios motivacionais e educacionais pós-pandêmicos.

I – Priorizar Propósito, Autoconhecimento e Gestão das Emoções:

“Agir sem tempo a perder…” Pensar na educação, pensar numa escola que pretende promover uma educação realmente de ponta é pensar, inicialmente, no que se está entregando? Ou seja, o que se entrega não diz respeito somente ao processo acadêmico/pedagógico, mas passa por um viés muito mais valioso do que simplesmente o acúmulo de conhecimento cognitivo.

O que precisa ser fomentado na vida dos estudantes é uma profunda gestão emocional e temporal. Tempo na perspectiva em que se equipara a saúde. Viver a escola nesta perspectiva é estar numa escola em que as conexões emocionais experimentadas serão conexões amplamente saudáveis no decorrer do tempo.

A cada problema ou desafio o aluno precisa de um determinado tempo para conseguir elaborar aquela situação. Isto quer dizer que se hoje o estudante não dilui a sua dificuldade ele precisará de mais um tempo para saltar seus novos obstáculos comportamentais. No entanto, se isto não acontece existe uma possibilidade altíssima de encontrar uma outra dificuldade logo mais à frente. Ou seja, o aluno se depara com uma bola de neve de dificuldades acumuladas diminuindo o seu banco de horas emocional deixando-o em um mar de desmotivação e de dificuldades emocionais.

“Uma escola que possui todos estes aspectos em seu estoque pedagógico é uma escola emocionalmente conectada e que possui vida e autenticidade em sua metodologia.”

Então, quanto maior a eficiência e agilidade para resolução de problemas, num determinado espaço de tempo, mais o indivíduo vai ter a liberdade de buscar níveis mais altos de conhecimento emocional que lhe proporcionará autoconhecimento, clareza de propósito, controle adequado das emoções e, consequentemente, aquisição de conhecimento cognitivo. Manter o comportamento adequado dentro de um determinado contexto aciona circuitos neuronais específicos fazendo este indivíduo em desenvolvimento ganhar tempo e, neste caso, ganhar tempo em suas resoluções comportamentais significa usufruir plenamente de saúde emocional.

Então quanto maior a bagagem comportamental oferecida pela escola, maior a chance de se adquirir esta sabedoria comportamental e equidade emocional e, a partir deste ponto paradigmático, ter o poder de saber o que fazer com cada aquisição de conhecimento.

II – Priorizar o Bem-estar e a Saúde Mental:

“Caminhar sem nada a temer…” Para além do processo de aprendizagem temos como pano de fundo uma ativação emocional que direciona as motivações do aluno frente aos desafios pedagógicos. Fica claro que não se trata apenas de encarar o complexo processo acadêmico em meio a letras, números e infinitos textos, mas de entender que o medo, a raiva, a frustração, a tristeza frente a perda ou luto, dentre outras emoções fundamentais, definem o quanto de progresso irá acontecer nesta nova etapa das aulas presenciais.

Sem dúvida alguma, o que mais ouvi das famílias, nestes dois últimos anos em meu consultório, foi a palavra medo. A expressão “Tenho medo de” estava presente em mais de 60% das frases pronunciadas em meio as lágrimas e angústias de pais e professores que estavam diante de alunos que não conseguiam mais progredir e cujo aparato comportamental encontrava-se aquém de sua configuração biológica e acadêmica.

Aonde estiver o medo encontra-se o ponto de paralisação do progresso das habilidades socioemocionais, e é justamente neste ponto em que se demanda a tarefa do real aprendizado rumo a uma conexão e m o c i o n a l m e n t e s a u d á v e l. Enquanto o aprendizado não acontece profundamente nos alicerces emocionais não há estrutura de neurodesenvolvimento suficiente para suportar as complexidades de demandas comportamentais e cognitivas.

É extremamente contraproducente se envolver no aprendizado de novos conteúdos sem ter ainda aprendido a base de toda ativação neuronal frente ao ballet de nossas emoções. Ao finalizar e elaborar determinado processo, o aluno terá internalizado novos sistemas e conceitos que serão utilizados em novas encruzilhadas socioemocionais. Aquilo que ainda não está consumado, em nosso aprendizado, estará nos consumindo. Consumindo nosso tempo e nossa liberdade para nos lançar numa viagem rumo a curiosidade, a criatividade e a novas descobertas.

Por mais estranho que possa parecer, princípios e comportamentos como: mansidão, serenidade, fidelidade, perseverança e domínio próprio (conforme sugerido pelo apóstolo Paulo na carta aos Gálatas) precisam ser intensamente ensinados como habilidades básicas e essenciais para a promoção de bem-estar e saúde mental. Certamente, a partir deste aprendizado socioemocional, toda e qualquer dificuldade pedagógica será facilmente elaborada e diluída.

Uma escola que possui todos estes aspectos em seu estoque pedagógico é uma escola emocionalmente conectada e que possui vida e autenticidade em sua metodologia.

 

 

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