Certa vez, ouvi de um renomado palestrante que precisávamos de cercas, ao invés de ambulâncias. Surpresa pela comparação, deixo aqui a reflexão a partir de um poema de Joseph Mallins, sobre o cuidado com nossos infantes a partir da perspectiva das virtudes:
Uma cerca ou uma ambulância?
Era um penhasco muito perigoso, todos sabiam, abertamente.
Ainda que caminhar por sua crista se mostrasse agradável;
sua borda era fatal – as narrativas não mentem!
Já haviam deslizado ali, muitas crianças e idosos camponeses.
Foi então que alguns disseram: “Algo precisa ser feito!!
Uma reunião foi convocada e logo se dividiram as vozes:
de um lado, clamavam: “Coloquem no penhasco uma cerca sustentável”;
E de outro: “Uma ambulância lá embaixo, no vale, faria o mesmo efeito.”
O grito pela ambulância venceu e se espalhou pela cidade vizinha;
uma cerca poderia ser útil, é verdade,
Mas a ideia de precaução perdeu força e a maioria mostrou sua opinião.
A comunidade chorava, comovia-se cada coração,
cada vez que alguém caía do tal precipício;
trazendo ainda mais preocupação, do mais jovem ao ancião.
Os moradores se uniram para resolver a questão;
ofertaram moedas de ouro, angariaram muito dinheiro,
e, finalmente, colocaram uma ambulância, lá no vale, de prontidão.
“Nesse penhasco não há problema, basta você tomar cuidado”,
diziam os negligentes e relapsos; e pensavam:
“se as pessoas escorregarem, não será o tombo o problema,
mas o choque, lá embaixo, quando estiverem em colapso.”
Assim, dia após dia, à medida que os acidentes ocorriam,
rapidamente os encarregados saíam a socorrer as vítimas que,
no vale, desfaleciam.
Foi então que um velho sábio, ao pé do penhasco, argumentou:
“É uma novidade, para mim, perceber que as pessoas dedicam mais atenção
à reparação dos resultados do que à interrupção da causa,
quando seria muito melhor visar à prevenção.
Vamos parar na fonte todo esse mal!”
E continuou: “Venham, vizinhos e amigos,
vamos nos reunir para cercarmos o penhasco!
Desta forma poderemos, enfim, descansar,
dispensar a ambulância lá embaixo.”
:: Luciana Neves – Equipe do Editorial
Fonte: All Poetry